Prêmio Fundação Banco do Brasil 2017 certifica projeto de aproveitamento de água da chuva
A premiação Fundação Banco do Brasil 2017 certificou o Sistema de Aproveitamento de Água de Chuva (SAAC), do Grupo de Pesquisa Aproveitamento de Água da Chuva da UFPA, como uma tecnologia social (Tecnologia Social de Aproveitamento de Água de Chuva na Amazônia). Com o objetivo de minimizar a incidência de doenças hidrotransmissíveis sobre populações residentes em áreas isoladas da região Amazônica, o sistema favorece a ampliação do acesso à água potável. A lista dos finalistas desta edição do Prêmio Fundação do Banco do Brasil de Tecnologia Social 2017 será divulgada no dia 15 de agosto.
SAAC - O Sistema de Aproveitamento da Água da Chuva teve suas pesquisas iniciadas em 2007 e foi implantado pela primeira vez em 2011, na ilha Grande (atrás da ilha do Combu). O sistema funciona da seguinte forma: a água da chuva escorre por calhas, equipadas com um dispositivo automático que elimina a maior parte das impurezas do telhado. Em seguida, o líquido vai para um filtro de areia fina e cascalho, e depois para uma segunda caixa d’água, com uma torneira. A última etapa, realizada pelos moradores, é recolher e desinfectar a água com hipoclorito de sódio (duas gotas para cada litro de água). Após chacoalhar a água, a mesma deve “descansar” por cerca de 30 minutos. Daí em diante, a água já está adequada para consumo.
Além da instalação e monitoramento do sistema, o projeto também inclui discussões com a sociedade local, análise dos efeitos do SAAC na região e ações de educação sanitária, ambiental e cidadã. “A tecnologia social não é apenas o equipamento. Ela reúne tanto a engenharia quanto conhecimentos da sociedade. A comunidade local é o centro da tecnologia. Por isso, sempre são realizadas discussões sobre doenças hidrotransmissíveis, o ciclo da água, as formas de uso da água e como a mesma influencia na saúde humana. Há uma interação intensa com a comunidade sobre a temática água, para depois instalar o sistema”, esclarece ele.
Importância - Segundo o pesquisador, tecnologias sociais visam o bem estar do cidadão, tanto social quanto econômico. Ele ressalta que a grande importância do projeto é ampliar o acesso à água pelas comunidades: “O acesso à água é um direito, nem sempre respeitado. A tecnologia social de aproveitamento de água de chuva busca ampliar este direito e ajudar no desenvolvimento local. Assim, como tecnologia social, o projeto é voltado a públicos específicos, cuja reaplicação se faz por meio do conhecimento local, seja da comunidade como um todo, seja de sua organização social. As tecnologias sociais levam em consideração o interesse das comunidades locais. Não são imposições. O sucesso do emprego da tecnologia social depende disto. Se assim não for, não é tecnologia social”.
Resultados - O Grupo de Pesquisa Aproveitamento de Água da Chuva instalou dois sistemas de aproveitamento de água de chuva na ilha Grande e na Ilha de Murutucu, beneficiando nove famílias (36 pessoas). Os sistemas são monitorados até a atualidade. As famílias receberam formação sobre cuidados necessários com os sistemas e as mesma são responsáveis por toda operação e manutenção. Para os ilhéus, isso significou economia financeira, por não perder dias de trabalhos devido a doenças e não precisar mais comprar água, combustível e remédios. Além disso, a tecnologia social gerou autonomia no abastecimento de água e melhorias no bem-estar da população, com o aumento da segurança - por não ter que sair para comprar água - e do convívio familiar. Além disso, o grupo de pesquisas tem atuado com órgãos governamentais e Organizações Não Governamentais, aplicando a tecnologia social, orientando e difundindo o conhecimento. Em 2016, organizou na UFPA o 10º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de Água de Chuva, que reuniu pesquisadores, estudantes, profissionais, usuários e público interessado de vários estados da federação.
Prêmios - Com um total de 1011 tecnologias, o Prêmio Fundação do Banco do Brasil de Tecnologia Social 2017 é dividido em oito categorias. Dentre elas, a Tecnologia Social de Aproveitamento de Água de Chuva na Amazônia está no grupo “recursos hídricos”, concorrendo com 77 outros projetos. Por isso, para o professor, essa certificação “representa a nossa maturidade como Grupo. E o mais importante: dá visibilidade a um problema seríssimo da região amazônica, que é a falta de acesso seguro à água em milhares de comunidades isoladas”. Em 2014, a Tecnologia Social de Aproveitamento de Água de Chuva na Amazônia foi finalista no Prêmio da Agência Nacional de Águas (ANA) (leia mais aqui).
Texto: Alice Palmeira - Assessoria de comunicação da UFPA
Foto: Reprodução / Google
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